sábado, 5 de setembro de 2009

O caminho de volta


Quando os portugueses chegaram por estas terras tupiniquins encontraram uma linda e exuberante mata, com uma rica biodiversidade, que, segundo a Lei da Mata Atlântica, possuía uma extensão original de 1.315.460 km2, passando por 17 Estados brasileiros.
Depois de várias atividades extrativistas e predatórias que marcaram a história da urbanização de nosso país, e com as principais cidades crescendo onde originariamente estava a Mata Atlântica, este importante bioma ocupa hoje apenas 102.012 km2 ou 7,91% de sua cobertura original.
Apesar de ocupar um território pequeno, a Mata Atlântica possui uma importância vital para o planeta. Tanto é que a ONG Conservação Internacional incluiu o bioma como um hotspot de conservação. “Hotspot significa ser uma região rica em biodiversidade e, ao mesmo tempo, alvo de grande ameaça de extinção. Por isso, precisamos dar atenção redobrada à Mata Atlântica para garantir a continuidade de um patrimônio que é de todos e que ainda guarda muitas riquezas a serem descobertas”, explica Márcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento da ONG SOS Mata Atlântica.
Os desafios para a preservação deste nosso patrimônio são muitos. Como a Mata Atlântica está em uma área muito extensa, em cada região as ameaças são diferentes e mudam rapidamente. Mário Mantovani, diretor de Mobilização da SOS Mata Atlântica explica que há regiões em que o desmatamento ocorre para dar lugar a plantações e criações de gado. “Já em outras localidades, a rica biodiversidade dá lugar à construção de empreendimentos imobiliários, entre outros exemplos. A falta de fiscalização do poder público é outro ponto crucial para que o desmatamento aconteça e, por isso, é tão importante que a população esteja atenta, alertando seus governantes sobre a situação em cada local”, complementa Mantovani.
A Fundação SOS Mata Atlântica atua em prol de políticas públicas de preservação deste bioma há 23 anos, desenvolvendo vários programas. “Na parte política, comemoramos como importante vitória a sanção da Lei da Mata Atlântica. No engajamento da população, celebramos a marca de 200 mil filiados, que são pessoas físicas unidas à nossa causa. Temos, ainda, projetos na área de restauração florestal, como o ‘Florestas do Futuro’ e o ‘Clickarvore’, que já somam mais de 20 milhões de mudas de espécies nativas plantadas por nossos técnicos em áreas estratégicas para a restauração da Mata Atlântica. E o Programa de Voluntariado, com cerca de 2 mil pessoas mobilizadas”, relata o diretor da Fundação.
Você também pode contribuir
Há muitas formas individuais de preservar o pouco que resta de nossa Mata Atlântica. Segundo Mario Mantovani, a primeira delas é observar os nossos hábitos dentro de casa e tentar ser o mais sustentável possível, utilizando menos recursos naturais, como água, luz e gás, entre outros, tornando-se um consumidor mais consciente do impacto de nossos atos e hábitos sobre o meio ambiente.
Outro passo importante é conhecer o local onde vivemos, pesquisar sobre os remanescentes florestais da região, conhecer a situação do rio que abastece a cidade e procurar envolver-se com instituições locais ou nacionais para fortalecer a luta pela proteção dessas áreas. “Quem preferir também pode colaborar financeiramente, doando recursos para as instituições que trabalham nesta área ou até mesmo comprando produtos ligados a elas”, complementa o diretor de mobilização da SOS Mata Atlântica.
Parcerias verdes
A SOS Mata Atlântica e a Natura mantêm um relacionamento próximo há muito tempo. E, agora, esse alinhamento de ideais concretizou-se na realização do projeto “A Mata Atlântica é Aqui - Exposição Itinerante do Cidadão Atuante”, que tem a Natura como um de seus patrocinadores principais.
A exposição foi montada em um caminhão, totalmente adaptado pela Fundação SOS Mata Atlântica, com palco para manifestações artísticas de temática socioambiental, atividades lúdicas, mobilizações, concursos e exposições para sensibilizar o público sobre a conservação ambiental.
A mostra itinerante deverá percorrer 7 estados, num total de 40 cidades (veja a programação completa em www.sosma.org.br/blog). “Queremos mostrar as diversas iniciativas espalhadas pelo país em prol da conservação deste bioma, mas, principalmente, provar que todos, em qualquer lugar, podem ajudar neste processo, reconhecendo que a Mata Atlântica é aqui, onde nós vivemos”, conta Nádia Aun, coordenadora do projeto.
Quem visita a exposição pode disseminar os conhecimentos que adquiriu e levar a educação ambiental para mais pessoas, como fez a consultora Natura Maria Aparecida Catelli. “Cada um que aprende aqui deve ir para casa e alertar seus familiares e seus clientes sobre a importância de proteger o que restou da mata”, diz.
Na exposição, os participantes poderão desfrutar do Túnel dos Sentidos, por onde se passa com os olhos vendados para resgatar as relações com os cheiros, sons e texturas da floresta. O Jogo da Cidadania e o Jogo da Memória, com espécies da Mata Atlântica, são outras atividades que fazem parte da programação. “É urgente compreender que vivemos na Mata Atlântica. A água que utilizamos, o ar que respiramos e o clima regulado que usufruímos são propiciados pela floresta. Por isso, é imprescindível conservar o que sobrou da Mata Atlântica e promover esforços para a sua recuperação”, finaliza Nádia.
Para saber mais sobre a Mata Atlântica, acesse: www.sosma.org.br

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